domingo, 5 de dezembro de 2010

Poesia.

Não vou agüentar. Não, não vou agüentar mais.
Essa vontade de despir-me inteira e
Mostrar aquilo que fará de mim apedrejável.
Então vou. Terei que agüentar.
Sofrer quietinha. Sofrer Poesia.quietinha.
Deixar pra lá essa idéia de que o amor é o meu ofício.
De que meu verso é imprescindível,
e que somente os homens podem amara assim,
Tantas vezes e sem pudores
Sim. Somente os homens são poetas.
Livres. Metafísicos. Sem compromissos.
Eu sou mulher. Punida sempre. Vagabunda. Indecente.
Vou. Vou agüentar.
Pois o que pulsa é a língua portuguesa.
Não a carne vermelha – também língua –
que guardo entre as pernas.
Nem essa mais molhada, dentro da boca.
Não, a maldição veio com os grandes navegadores:
Carrapatos, impetigos, escorbutos e piolhos.
Saudades. Paixão. Saliva. Poesia.
A culpa não é sua, nem minha.
Mas serei eu a que irá arder nas chamas,
Porque bruxos não existem.
O que há no mundo das paixões e erros são putas. Putas. Putas. Putas. Sou um puta.
Serei eu quem morrerá primeiro.
(Fernanda Young)

Pro Choice *



Pró-choice *
*pró escolha
(entenda, ninguém é pró-aborto)

Sei que já é clichê falar de aborto, mas de certa forma é inevitável.
Porque é tão difícil deixar de torná-lo crime? Simples: por que gostam de sentirem donos dos nossos corpos. Claro que há por trás de todo esse jogo de mal gosto uma porção de coisas: educação, igreja, governo... E no final das contas todos estão se lixando para as mulheres, gostam e querem continuar mandando no nosso ventre, nas nossas decisões. A cada dia mais e mais mulheres estão cientes de que ser a favor da descriminalização do aborto não quer dizer que você seja uma assassina uma serial killer em potencial, simplesmente que é uma decisão sóbria, e muito, muito pessoal. De quem é o corpo? De quem são as obrigações? È melhor abortar ou ter um filho passando fome? È melhor abortar ou ver seus sonhos ecoando pelos ares com o choro de uma criança? Quem vai parir afinal de contas? Acho uma covardia que em tempos modernos como esses, a mulher que aborta ainda sofra perseguição, como antigamente na inquisição, são vistas como bruxas que merecem serem queimadas. Uma covardia que ainda hoje mulheres tenham que por sua saúde em risco abortando em lugares clandestinos e muitas vezes com condições precárias. Existem boas clínicas clandestinas de luxo, mas levando em conta a atual situação da maioria das mulheres, sim elas continuam abortando em clínicas precárias, colocando sua vida em risco. Entenda colocando vidas concretas em risco.
Não quero que de uma hora pra outra tu me apóie na causa, aliás, não quero que me apóie particularmente em nada, só quero que olhe para as mulheres e seja mais humano, respeite suas decisões, escolhas, desejos e anseios.
Respeite nossos corpos!
Pela liberdade e autonomia nas escolhas!
Pelo direito de sermos donas de nossos ventres!
Aborto não deve ser crime!

Paternidade?

...A luz nunca está presente aqui, mas quando ela entra pela fresta da porta ela me traz terror, pois sei que novamente serei abusada. Na verdade já me acostumei com a escuridão, quando tudo acaba ela me avisa que ele já se foi. E nela não me posso ver, maltratada, mal cuidada, um objeto de prazer pra mais um monstro dentre tantos por aí, então ela de forma contraditória e covarde me acalma, não posso ver no que ele está me tornando. Não me acostumei com a situação, jamais me acostumaria a viver em um porão escuro e sujo, jamais me adaptaria a escrava sexual nem tampouco sentiria qualquer sentimento bom pelo desgraçado que me mantém prisioneira aqui. Eu sinto ódio, ódio dessa criança na minha barriga, que sei que serei obrigada a ter, e que ela também temerá a luz, ódio desse que tem capacidade de se dizer pai, que me prende os braços e me tapa a boca, que me vira e desvira da maneira que bem entender. Não, não é fácil me proteger, temo morrer, sou fraca e arrogante demais para querer morrer jovem, e não vejo saída, estou cegando-me pelo ódio e desespero. E me dói saber que em algum lugar do mundo a cena se repete que muitas meninas nascem para essa finalidade: prisioneiras. Por hoje vou dormir, e frieza, consigo dormir, tenho sonhado com mulheres livres, caminhando pelas ruas de mãos dadas com suas companheiras, lutando pelas tantas que assim como eu estão condenadas a escuridão, criando sites e se organizando para libertarem as que virão. Nos sonhos eu sou mais que um objeto sexual, mais que um brinquedo ou um animal indefeso enjaulado, nesses sonhos sou apenas uma menina. E elas se importam com isso. Elas me amam;Vou dormir, a barriga pesa, pedir para que não acorde com a luz que entra pela fresta, que sempre me traz horrores. Vou dormir apenas isso, o ódio ainda me cega e a desesperança entristece meus dias.
Maldito homem que se sente meu dono. Malditas condições de vida me deram como mulher. Mas morrerei e nascerei mulher quantas vezes necessário. Pois acredito naquelas que se preocupam comigo. Se eu abrir os olhos verei esse maldito porão.
Mas se fechá-los posso até senti-las, posso ler seus cartazes nas ruas.
Por isso temo morrer, não posso lutar,
mas há aquelas que lutam por mim.

sábado, 20 de novembro de 2010

Retrato feminino.

Ela acorda todos os dias de madrugada


Prepara o café, reparte o pão


Beija as crianças, cobre seus pezinhos


Amarra o cabelo, disfarça as olheiras


E vai trabalhar.


Atravessa a cidade, mulher, preta e pobre


Mãe solteira.


Ninguém nunca perguntou se ela queria ser mãe


Só a ensinaram a ir parindo, sem se cuidar


E agora todos a julgam pelos filhos e a miséria.


Ela não entende, mas faz sua parte.


Invisível pelas ruas da cidade


Nem sabe mais o que é chorar


Os arranha céus e os viadutos


Petrificaram seus sentimentos

sábado, 16 de outubro de 2010

Não se deixe enganar!

Enquanto você o ama... Ele retribui ou age como se fosse teu amo?

Liberte-se e junte-se a nós.

Por: Nikk
www.revolucaofeminista.blogspot.com

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Senhoras e Senhores

Cortar os pulsos não adianta mais
Uma saída á francesa não é digna de mim
Eu vou ficar.
Deixar boquiabertos os homofóbicos de plantão.
Ser praguejada pelas beatas sexualmente interrompidas
Fazer do meu desejo motivo de oração
Do meu amor coisa excomungável
Das minhas escolhas decepções para os fracos.
E cada passo meu será uma revolução interna...

E não serei mais covarde.

Cansei de fraquejar.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

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Seja como for somos os altares de quem precisa estar aqui, unidas pelo clitóris do sino que bate a meia noite. É noite! Feitoras de todos os sacrilégios. Ave Marias cheia de raça! Se quebram os vitrais e os santos saem dos pedestais atirando seus mantos na fogueira: somos todos iguais! Aqui todo mundo faz milagre. Não queremos o sombrio, muito menos o branco tedioso que nos prometem, já estive no céu, onde as pessoas continuam vivas, e é colorido lá! E tudo é verdade, a mais pura verdade...as assombrações que via Joana D'ark: Bendita sua voz entre as mulheres. tenho insetos de estimação: um zângão e uma abelha rainha. Minha paz encontro nas guitarras que gemem ao serem tocadas...é estranho, calendoscópico. A paz é de quem tem, eu tenho o caos, espadas e mudas de arruda.





Por Mayara de Oliveira
(SJC-São Paulo)
http://collerica.blogspot.com/

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Marias Madalenas

As pedras vem de todas as direções.
Certeiras, atingem a alma antes de tocar a pele.
Se o corpo estirado na calçada causar alguma reação,
é devido ao cheiro forte da decomposição.


E onde habita a tal justiça divina?
Nesse ato
?


Por Báh
http://www.trezeedonovee.blogspot.com/
Antigo:
http://1-98-9.blogspot.com/

domingo, 5 de setembro de 2010

É o que sou. É o que somos.

para as beatas, eu sou puta
para os meus pais, uma santa
para os babacas, depósito de esperma
para as feministas, companheira de luta
para os inimigos, eu sou ridícula
para os irmãos, fantástica
para os patrões, eu sou mão de obra barata
para os explorados, igual a eles
No entanto o que eu sou?
Classificada, rotulada, julgada

Mas com muito orgulho: mulher

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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Seja um grito rouco desesperado e vivo pronto para inflamar os ouvidos de quem não quer escutar.
Aceite ser a louca vadia que queima nas fogueiras, mas se recusa a pedir salvação
As pernas são suas...as pernas são suas!
Faço questão de não estar ao alcance de quem faz de si uma lata de lixo perfumada.
Eu não quero perdão, eu quero liberdade.


"-Não quero mais saber do lirismo que não é libertação."
Por May / São José dos Campos - SP
http://mayyoliveira.blogspot.com/

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

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Em uma sociedade tão preconceituosa e cheia de regras habitam tradições macabras e cruéis.
Violando a tão buscada liberdade, muitas mulheres ainda nos dias de hoje são submetidas a um ritual violento e doloroso em "favor" do homem.
Perdem a parte que firma sua natureza, sentem dor, sentem medo, muitas vezes sangram até a morte.
A história de Waris Dirie, agora relatada em filme, trás a tona uma realidade esquecida ou simplesmente ignorada. A realidade de milhões de crianças e adolescentes do sexo feminino que são submetidas a mutilação genital.
De acordo com a OMS(Organização Mundial de Saúde), em 2006 haviam de 100 a 140 milhões de mulheres mutiladas e três milhões de meninas passando por isso todo ano.
A prática atinge parte da África, alguns países do Oriente Médio e algumas partes da Ásia e América Latina. Ocorre também na União Europeia nas comunidades originadas de países que praticam mutilação genital feminina.
A abolição dessa bárbarie é dificultada pelas crenças fortemente enraizadas em meio a esses povos.
A causa é complicada e merece a devida atenção.


A luta deve ser de todas, por nós e por essas milhões de vítimas!
Mutilação não é tradição, é violação!


por Báh.
http://1-98-9.blogspot.com/

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E o que dizemos àquelas que tem coragem?
"Não vale nada esta garota!"
Então quem vale? Nós que submetemos nossa vida ao poder de um homem?
E que, se esse homem por mais sereno possa parecer nos causar dor, a força estará em suportar por "amor"?!
Digo-lhes assim caras guerreiras esquecidas, pois a liberdade habita em quem a deixa florescer.
Imoral é ir contra seus desejos, vontades. Contra o que seu ser grita sendo abafado por sua moralidade mórbida.
Você que insiste em acreditar e lutar por essa sociedade falida saiba que sua vida se perde nos minutos que o relógio conta. E no fim da vida quem de nós poderá dizer que valeu a pena? Aquela sem valor, ou teu valor contraditório?
Acenda uma vela e peça perdão a si mesma.
Por Báh

terça-feira, 10 de agosto de 2010

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Querem me empurrar uma cultura que eu me nego a seguir.
Não nasci pra ser mãe, esposa dedicada ou a filha perfeita.
Sou mulher sim e dai?!
Só porque sou mulher tenho que seguir essas tais regras que não sei nem quem escreveu?
Me nego a isso.
Quero ser livre!
Não me contento com a idéia de nascer, crescer, casar, ter filhos, trabalhar num emprego que detesto, e ainda ter que chegar em casa feliz. Ter que limpar, cuidar e depois agradar meu marido feliz, envelhecer com a minha casa feliz e depois de tudo isso notar que na verdade eu sempre fui infeliz
Notar que depositei minha felicidade nos outros. Pensar no tempo que eu perdi, nos lugares que não conheci, nas pessoas com as quais eu não me diverti.
Pra que tudo isso? Pra seguir o que a sociedade acha certo?
Pra não ter que ver pessoas me julgando por eu ser livre?
Prefiro ser apontada, apedrejada, ridicularizada do que me submeter a isso.
Muito obrigado mais a vida é minha!

Por Mila



sexta-feira, 23 de julho de 2010

E se dissesse que é capaz, acreditaria?
Que é forte, competente, independente, muito mais que mostra ser, acreditaria?
Sorrir mesmo quando está brava, cruzar as pernas, ser gentil, educada, falar menos, ouvir mais, são regras que regem antes mesmo da pessoa nascer, de poder escolher se gosta ou não.
Ao invés calar-se e sorrir que tal falar, existir, odiar, ser odiada, discordar, decidir, mostrar que pode!
Acreditar em si mesma, confiar na sua capacidade SEMPRE!
Facil? Não, não é! Já fomos bruxas, princesinhas, putas, amélias, hoje somos presidente, chefes, ícones, pessoas que querem e fazem acontecer!
Faça-se mulher, torne-se referencia para que as o próximas gerações não sofram com a eterna submissão!

por Nah!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Pão e circo. E o crime continua.


Mulheres mortas

Ibope para os noticiários

Muita luz, câmeras, pouca ação

Lamentam a "burrice" do algoz

Esquecem o sofrimento da vítima

Difama, expões, dicutem

Mas não cobram resultados

Quantas mais?

Quantas vidas femininas

Terão que acabar

Para entenderem

Que não, não é crime passional

È femicídio.

domingo, 20 de junho de 2010

-



Não tente me surpreender

com essa história

de sua rebeldia sem causa

pois aqui temos motivo de sobra

Nem tente me dizer

o que tenho que vestir e falar

que meu jeito

nem é a conduta certa de uma garota

que Sinuca não é pra mim

que rum não é pra mim

que bebida de moça é vinho

Tire suas mãos do meu corpo

Pois se acontecer algo

a culpa cai toda é sobre mim

Vadia , safada e vulgar

assim que vão me tratar

quanto a você

não será julgado.

-Fran




terça-feira, 11 de maio de 2010

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As tintas guache do seu quadro já não me emocionam mais, sinto falta da verdade das cores que se fixam num pra sempre, e que sempre são restauradas tornando o eterno ainda mais eterno, porque só o que eu pinto é imperecível.
Por isso que eu bebo, que ando pelas ruas para me cansar e fumar os cigarros pelas outras bocas, para chegar em casa só tirar a roupa e ter sono para dormir sem precisar de remédios ou da companhia da TV que me canta músicas de ninar todo dia por efeito dos meus alucinógenos.
Queria um oráculo aberto em cima da cama que me dissesse com a sua própria voz rouca de cigana que vai ficar tudo bem assim que eu terminar de limpar a casa e colocar as cortinas pra lavar. Quebrar os vidros não vai adiantar, não vai curar sua falta de ar, deixar a porta sempre aberta tendo que aturar o vizinho porco te olhando com fome também não irá curar a sua falta.
Adoraria que as pessoas não rissem das minhas olheiras.
Adoraria que uma pessoa me fizesse um carinho me enxergando como uma mulher de verdade, que sente de verdade, e que é completamente magoável.



por May / São José dos Campos - SP
http://mayyoliveira.blogspot.com/

domingo, 9 de maio de 2010

Não e só direitos iguais o que queremos!

Não sou feminista por diversão. Não brinco por direitos iguais. Eu brigo. Eu grito. Eu luto. Pelos meus direitos. O direito de escolher, retomar minha dignidade e ser dona do meu ventre. O direito de não ser vista como objeto sexual. De me divertir sem ser tachada de puta. De não ser mãe sem ser chamada de incapaz. De ser lésbica sem que me ofereçam um pinto como corretivo. De ser reservada sem ser julgada frígida. De poder ao menos ser. (Vista, ouvida e respeitada.)
O feminismo que eu acredito é mais que necessidade. È amor incondicional pelas mulheres. Que não são frágeis, e sim fragilizadas. São fortes, revolucionárias, competentes e resistentes. Mas são caladas e invisíveis por um mundo onde só há espaço e direitos para os homens. E a nós, resta o silêncio, o medo (muito medo) e os deveres.
Os direitos só serão realmente iguais quando a sociedade reconhecer que
mulher também é gente.

sábado, 1 de maio de 2010

Mulher.

Quando ela passa

Percebemos o que eles vêem

Uma buceta ambulante

Pedaço de carne suculento

Mão de obra barata

Presa fácil

Potinho de prazer instantâneo

( Como eles são burros! )


Porque o que vemos

É a rebeldia contida

Prestes a explodir

O que nós vemos é a revolução.

Obrigação (?)


Ê mulher parideira

Mesmo sem eira nem beira

Tem que parir, mesmo que não queira


A lei é clara e cruel

Você bem sabe seu papel

Se não der cria não vai pro céu


Pouco importa seus sentimentos

Suas escolhas e seus tormentos

Farão de ti sempre maus julgamentos


Escolha? Não. Maternidade é obrigação

Aborto é crime, pecado, aberração

Chega de injustiça, apóie a legalização!


QUEM É CONTRA O ABORTO É CONTRA A MULHER!




terça-feira, 27 de abril de 2010

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Eu acordei num beco escuro,
tomada por uma camada molhada de alguma coisa que não pude distinguir.
Eu sentia passos se afastando de mim e ouvia risadas maliciosas que pareciam satisfeitas com meu corpo nú jogado no asfalto imundo da cidade.
Eu sentia cheiro de terror.
Eu sentia dor no corpo e na alma.
Respirava com certa dificuldade e meu rosto parecia inchado e também molhado,
de sangue talvez.
A principio não conseguia me mover,
chorava por ainda estar confusa e sozinha em meio aos ratos que estavam prontos pra devorar meu corpo.
Mas logo consegui deslizar as mãos pela minha genitália e pude lembrar desesperadamente dos fatos.
Alguém se aproximava e o medo me torturava ainda mais, podia ser ele voltando para me exterminar. Melhor seria se ele fizesse, já que violou todos meus sentidos e despedaçou minha alma com seu desejo sujo e descontrolado.
Mas era alguém gritando socorro, clamando por minha vida que se esvaía pelos boeiros.
Eu apaguei.
Fui estuprada.
Perdi meu sossego, minha inocência. E o causador dessa minha destruição anda por aí, fazendo mais vitimas.
Que sá elas tenham a sorte de fugir, ou serem salvas.
Ou ainda que alguém o faça parar.
Sorte essa que eu não tive.



PS: Este texto é fictício.
-
por Báh

sábado, 24 de abril de 2010



Eu trago feridas abertas em carne viva.
Arde, doi e corrompe.
Essas feridas não cicatrizam pois elas são da alma.
Pioram a cada dia mais.
Sempre que vejo a minha imagem ser exposta.
Sempre que vejo idiotas devorarem a minha carne com os olhos.
Sem importar com meu conteúdo interno.
Sempre que usam o nome da nossa falsa liberdade
em horários políticos.
É muito triste ver que na África me mutilam por religião.
Que Deus é esse que não quer o meu livre arbítrio?
É muito triste ver que no Oriente Médio.
Sou tratada pior que um falange carnal.
Me trocam por um dote sem saber a minha opinião. Me cospem e me batem.
Se tento fazer a minha revolução.
Sempre que me agridem e dizem ser por amor.

Fran

quinta-feira, 22 de abril de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010


Eu sei que não tenho capacidade para amar ninguem.

Chego a duvidar se eu gosto de mim mesma.

Pensando bem nem de mim mesma eu gosto.

Não sou livre como tenho vontade de ser.

Ainda me prendo aos padrões da sociedade:estudar para ter futuro,trabalhar até morrer.

Me prendo em uma vida que eu não desejaria nem pro meu pior inimigo.

Consegui me livrar de algumas correntes mas não de todas.

Queria correr e ser livre realmente.

Mas só consigo correr perdida em minha mente,

presa nessas grades que não consigo me livrar.






Cansada de viver em uma sociedade vendida.
Pensam que temos que ser assim tambem.
Se não somos perfeitas somos julgadas,amaldiçoadas.
Não preciso de uma bolsa prada e nem de um perfume chanel.
Não preciso de ideias ultrapassadas de amores eternos,de felicidade constante.
Não preciso de amor.
Só preciso do ódio das pessoas.

por Mila.

sábado, 17 de abril de 2010

Final Feliz é o que queremos.

Você liga a TV e assiste sempre a mesma coisa, mulheres sendo mortas, agredidas, estupradas, silenciadas por um vulgo amor ditado pelo homem cruel. Na maioria das reportagens as frases se repetem, "ele não aceitou a separação", deformou, destruiu uma vida por amor. Amor? Ora, que amor é esse que destrói a vida das pessoas?
Isso são as raízes do machismo ainda penetrando forte na carne de muitas mulheres, que por medo, que por serem coagidas, se calam e apanham.
Nós enfrentamos a cada dia uma batalha de sobrevivência, e o estado não se preocupa em proteger mulheres que são agredidas. O índice de morte por tal motivo cresce a cada dia.
Como se proteger então? Se as leis até hoje criadas parecem falhas, e mesmo que a mulher encoraje-se a lutar pela sua vida, corre o risco de perdê-la neste meio tempo.
Existem também aqueles homens que ferem verbalmente, que humilham, que deterioram a auto-estima de sua parceira acreditando que assim ela estará sempre submissa a ele. E muitas vezes ela o faz e perde o controle de seu próprio corpo, de sua alma já machucada, cansada.
É por essas e outras que devemos buscar, devemos lutar, para que sejamos totalmente livres, temos que acabar com essa violência, temos que gritar pelas que já não podem, temos que enfrentar essa poluição machista que tem predominado.
Acima de leis falhas, acima de proteção não dada. Nos unir e promover, se preciso, uma guerra pela liberdade feminina. Uma guerra sem violência, sem armas, que destrua a visão do mundo de que amor é a dominação do homem sobre a mulher.
E que o estado tão deteriorado quanto a alma dessas mulheres proponha-se a fazer algo, a agir em parceria com todas nós. E mudar realmente a rotina dolorida de tantas familias, de tantas crianças que presenciam a morte de suas mães e a violência de seus pais, fazendo dessa maneira com que suas vidas já comecem pelo fim.
O fim que queremos e buscaremos para essas histórias de terror, é um final feliz.




por Báh.
http://1-98-9.blogspot.com/

terça-feira, 13 de abril de 2010

"Uma mulher tem que ter qualquer coisa além de beleza"


Ao se olhar nos olhos uma mulher se enxerga por completo, além dos seios, além do corpo, além da capa. Falo de uma mulher de verdade, não desses estereótipos de bunda que nem seus olhos enxergam, e se dizem mulher apenas pelo gosto de contaminar as outras, as que pensam, as que gritam, as que lutam, as que não riem de piadinhas machistas, as que não tem medo de não estar na moda, as que mergulham nuas desejando seu próprio corpo.
É piedoso ver corpos mortos andando pelas ruas, sem alma , sem odor . Esmagam-se, torturam-se.
Eu luto, não com bandeiras, luto com as minhas palavras, com as minhas ideologias, com os meus pensamentos, com os meus atos, com o meu corpo inteiro, que por orgulho é meu. E se em um dia feliz tudo estiver como eu quero continuarei lutando, apenas pelo prazer de ser mulher.
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por May / São José dos Campos - SP

quarta-feira, 31 de março de 2010

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Eu faço da vida algo que me trará felicidade, se eu me importo com o que os outros dizem, eles não se importaram com o que eu vou sentir.
A sociedade roda a cada dia em um mundo mais egocêntrico, cabe a mim entrar no ritmo desse mundo cruel.
Promiscua, libertina, devassa, vadia, traiçoeira, chamam assim quem foge dessa rotina machista. Você se deixa iludir por um mundo onde sonhos são apenas sonhos, e palavras são apenas palavras sem valor, te dizem, é amor.. e se você acredita, se fode.
Eu tenho pensado apenas em sexo, e no que vou fazer no dia seguinte, se você me diz que estou errada, te digo que já acreditei demais em promessas vazias.
Tomo minha dose de vodka, fumo meu cigarro, e saio com o coração em chamas, pronta pra destruir seu modo de me enchergar.
Acreditei nas pessoas erradas, elas me arrancaram lágrimas e me deixaram pesadelos que ainda tenho. Eu me vingo, fazendo dos teus conceitos somente regras que não vou seguir. Não me viro, eu viro teu mundo e te mostro que o coração endurece, mas alma se liberta a cada decepção.


Eu voltei mais forte e radiante do que nunca!


-





por Báh:
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domingo, 28 de março de 2010

O preço


Tentam me regrar

Me medem o tempo todo

Julgam-me sempre

Sou a puta. A vadia.

A perversa sem sentimentos

Quer saber?

Seus pré - julgamentos

Não me atingem mais.

Se esse é o preço da liberdade

Atirem as pedras

Afiem suas línguas

Podem polir suas lentes

Pra enxergarem e falarem mais

Por que eu vou seguir

De cabeça erguida

E ciente do que sou:

Liberta e livre...


(Grazi)

terça-feira, 16 de março de 2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

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Vamos vomitar todo sentimento encrostado em nossas almas,expor todas as feridas latejantes.
Vamos fazer da nossa busca, o encontro.
Que o sonho de libertar cada mulher aprisionada as correntes do machismo, torne-se real e presente.
Que o egoismo não faça mais vitimas em nome do amor.
Que uma menina não corra mais riscos ao voltar da escola sozinha.
E que uma mãe não chore mais pela ausência de uma filha estuprada e morta.
Que você se orgulhe de ser mulher, feminista, decidida, capaz.
Que a união de nossas vozes dê coragem às submissas,
e que nossas forças destruam todas as barreiras que ousarem nos impor.
Vamos materializar o abstrato.
Vamos lutar até o fim pela igualdade e pelo respeito!


-
por Báh.

quinta-feira, 11 de março de 2010

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Então venha, me arreganhe os pelos! Nem ligo, quem liga? Coisa feia ser pudica, cuidado que gente assim não vai pro céu! Já foi o tempo que rir era pecado, e como rir é consequência de prazer, vá atrás dos prazeres então, oras, vai lutar, agir, colocar a boca no mundo, na vida, na boca. Bobagem. Pois eu prefiro ser assim: inconstante e incansável... que as vezes cansa rs. Ou então continue sendo um chuvisco, uma brisa, uma poça de água parada, também há de ter sua graça, seu valor, sei lá, se contando que tudo nessa vida tem um certo valor... seja ué, mas não fica perto de mim, por que detesto gente que me olha, me critica, pra no dia seguinte aparecer com uma flor no cabelo!


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por May / São José dos Campos - SP
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quarta-feira, 3 de março de 2010

Quase pessoal.

Você me parou na rua e me disse que não há mais motivos para ser feminista, que não há mais motivos para lutar em prol das mulheres.

E o medo que sinto a noite na rua cada vez que um carro passa por mim aumentando o farol e diminuindo a velocidade?
E o choro que entala na garganta cada vez que me humilham e me atiram pedras quando na verdade eu preciso de apoio?
E a confusão que se forma na mente quando todas as revistas, anúncios e novelas
me jogam na cara que meu corpo, cabelo, e jeito não são bonitos e que eu preciso
me adequar?
E a agonia que me invade cada vez que me lembram que não sou um ser humano limpo, pois sempre me empurram sabonetes íntimos, esfoliantes, cremes hidratantes e revitalizantes?
E a decepção que tenho cada vez que vejo vocês trocarem meninas subversivas e conscientes por bonecas plastificadas enquadradas ao senso comum?
E o ódio que me toma conta cada vez que me lembro da amiga estuprada, morta e jogada em um barranco de beira de estrada como se fosse um lixo descartável?
E a minha saúde esquecida?
E meu salário sempre reduzido mesmo quando a jornada é a mesma?
E o meu corpo que não é meu porra nenhuma?
E o meu direito de escolha?

Se tudo isso pra você ainda não for motivo para a minha luta, então faça a gentileza de enfiar seus argumentos machistas no cú.
Obrigada,
Graziele

domingo, 28 de fevereiro de 2010

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Após um dia cansativo de desaforos engolidos,

de buzina nos ouvidos, ele chega em casa.

Destampa as panelas, tira os sapatos, senta-se a mesa.

Critica a comida, o tempero, a temperatura..

Pede a mulher que se apresse.

Ela calada, o serve.


De barriga cheia, tira à meia,faz cara feia.

Deita na cama, reprova o lençol.

Pega uma revista, atento se excita.

Critica o corpo dela, o cheiro, sem beijo.

Pede a mulher que se apresse.

Ela calada, o serve.


Olhando-se no espelho, beleza perdida,.

Se sente arrependida. E se cansa.

Do tamanho da pança, da intolerância.

Amassa as panelas, doa toda a comida.

Queima os lençóis e revistas.

Vendo a fumaça, ele se apressa.


Ela já longe, calada sorri.



(Grazi)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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(Nada de pura vaidade, tudo de pura inteligência)
Pela força, o orgulho, e a angústia de ser mulher! À nós todos os prazeres!
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por May / São José dos Campos - SP http://mayyoliveira.blogspot.com/

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É que as vezes me sinto louca, ébrio, em febre constante, vertiginosa!Uma roda gigante gira em meus livros olhos mundos que exibo com cortinas de renda, grandes jaboticabas que dizem menos que tudo, e mais do que a boca pequena cheia de lodo e espuma por vontade de falar. Descendente do vermelho misterioso presente acima da minha cabeça, apadrinhada pelas cores mães dos jardins que estão sempre a me rodear e como anjos da guarda me deixam florir...Esses dias me permitem estragos, dores agudas, e explosões de felicidade.





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por May / São José dos Campos - SP
http://mayyoliveira.blogspot.com/

Agradecimentos.

Com a iniciativa de montar o profile no orkut pra divulgar o blog, nos surpreendemos com a quantidade de garotas que se interessaram. Garotas que assim como nós, lutam todo dia em busca de um mundo menos machista. Seja através de palavras, música, poemas ou atitudes.
Queremos então somente agradecer a todos que lêem, que criticam, que comentam, que elogiam nossos textos. É gratificante pra nós. Estamos adorando dividir com vocês nossos pensamentos, nossas histórias. Muito Obrigada.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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Morrem gritando as estupradas


Sofrem gritando as mutiladas


Choram gritando as espancadas


Viajam gritando as exploradas


Seguem gritando as desacreditadas


Tantas mulheres sofrem.


E gritam.



Mas ninguém, ninguém faz questão de escutar.

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por Grazi.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

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Suicídio e Canto

"Le suicide et le chant. Poesie populaire des femmes pashtounes
de Sayed Bahoudine



Pessoas cruéis veem um velhinho
a caminho da minha cama
e ainda me perguntam por que choro e arranco os cabelos.

Meu Deus! De novo me mandaste a noite escura
e de novo tremo da cabeça aos pés
por ter que subir na cama que odeio."



Indicado por Fraan.
(http://babsi77.blogspot.com/)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

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Tem dias que acordamos meio assim..
meio apáticos,
meio estáticos.
Tem dias que qualquer voz ,
mesmo que amiga,
irrita.
Tem dias que não se quer ver ninguém,
se quer ficar só com seus botões e suas unhas roídas.
Quando a tristeza vem de mansinho como se fosse carinho,
não se quer multidão,
não se quer,nem se vê paixão em nada.
Nesses dias nublados os corações encharcados só vivem de ilusão.

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por báh
(http://1-98-9.blogspot.com/)

domingo, 24 de janeiro de 2010

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Se o mundo é falso e nada é real,
então tudo é possível.
A caminho de descobrir o que amamos,
achamos o que bloqueia nosso desejo.
O conforto jamais será confortável.
Um questionamento sistemático da felicidade.
Corte as cordas vocais dos oradores carismáticos e desvalorize a moeda.
Para confrontar o familiar.
A sociedade é uma fraude tamanha
e venal que exige ser destruída sem deixar rastros.
Se há fogo,levaremos o gás.
Interrompida a experiência cotidiana
e as expectativas que ela traz.
Viva como se tudo dependesse de suas ações.
Rompa o feitiço da sociedade de consumo
para que os nossos desejos reprimidos
possam se manifestar.
Demonstre o que a vida é
e o que ela poderia ser.
Para emergirmos
no esquecimento dos atos.
Haverá uma intensidade inédita.
A troca de amor e ódio,
horror e redenção.
Afirmação tão inconsequente da liberdade,
que nega o limite.

(trecho retirado do filme Waking Life)

por Mila.