quarta-feira, 3 de março de 2010

Quase pessoal.

Você me parou na rua e me disse que não há mais motivos para ser feminista, que não há mais motivos para lutar em prol das mulheres.

E o medo que sinto a noite na rua cada vez que um carro passa por mim aumentando o farol e diminuindo a velocidade?
E o choro que entala na garganta cada vez que me humilham e me atiram pedras quando na verdade eu preciso de apoio?
E a confusão que se forma na mente quando todas as revistas, anúncios e novelas
me jogam na cara que meu corpo, cabelo, e jeito não são bonitos e que eu preciso
me adequar?
E a agonia que me invade cada vez que me lembram que não sou um ser humano limpo, pois sempre me empurram sabonetes íntimos, esfoliantes, cremes hidratantes e revitalizantes?
E a decepção que tenho cada vez que vejo vocês trocarem meninas subversivas e conscientes por bonecas plastificadas enquadradas ao senso comum?
E o ódio que me toma conta cada vez que me lembro da amiga estuprada, morta e jogada em um barranco de beira de estrada como se fosse um lixo descartável?
E a minha saúde esquecida?
E meu salário sempre reduzido mesmo quando a jornada é a mesma?
E o meu corpo que não é meu porra nenhuma?
E o meu direito de escolha?

Se tudo isso pra você ainda não for motivo para a minha luta, então faça a gentileza de enfiar seus argumentos machistas no cú.
Obrigada,
Graziele

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