sábado, 20 de novembro de 2010

Retrato feminino.

Ela acorda todos os dias de madrugada


Prepara o café, reparte o pão


Beija as crianças, cobre seus pezinhos


Amarra o cabelo, disfarça as olheiras


E vai trabalhar.


Atravessa a cidade, mulher, preta e pobre


Mãe solteira.


Ninguém nunca perguntou se ela queria ser mãe


Só a ensinaram a ir parindo, sem se cuidar


E agora todos a julgam pelos filhos e a miséria.


Ela não entende, mas faz sua parte.


Invisível pelas ruas da cidade


Nem sabe mais o que é chorar


Os arranha céus e os viadutos


Petrificaram seus sentimentos