terça-feira, 27 de abril de 2010

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Eu acordei num beco escuro,
tomada por uma camada molhada de alguma coisa que não pude distinguir.
Eu sentia passos se afastando de mim e ouvia risadas maliciosas que pareciam satisfeitas com meu corpo nú jogado no asfalto imundo da cidade.
Eu sentia cheiro de terror.
Eu sentia dor no corpo e na alma.
Respirava com certa dificuldade e meu rosto parecia inchado e também molhado,
de sangue talvez.
A principio não conseguia me mover,
chorava por ainda estar confusa e sozinha em meio aos ratos que estavam prontos pra devorar meu corpo.
Mas logo consegui deslizar as mãos pela minha genitália e pude lembrar desesperadamente dos fatos.
Alguém se aproximava e o medo me torturava ainda mais, podia ser ele voltando para me exterminar. Melhor seria se ele fizesse, já que violou todos meus sentidos e despedaçou minha alma com seu desejo sujo e descontrolado.
Mas era alguém gritando socorro, clamando por minha vida que se esvaía pelos boeiros.
Eu apaguei.
Fui estuprada.
Perdi meu sossego, minha inocência. E o causador dessa minha destruição anda por aí, fazendo mais vitimas.
Que sá elas tenham a sorte de fugir, ou serem salvas.
Ou ainda que alguém o faça parar.
Sorte essa que eu não tive.



PS: Este texto é fictício.
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por Báh

sábado, 24 de abril de 2010



Eu trago feridas abertas em carne viva.
Arde, doi e corrompe.
Essas feridas não cicatrizam pois elas são da alma.
Pioram a cada dia mais.
Sempre que vejo a minha imagem ser exposta.
Sempre que vejo idiotas devorarem a minha carne com os olhos.
Sem importar com meu conteúdo interno.
Sempre que usam o nome da nossa falsa liberdade
em horários políticos.
É muito triste ver que na África me mutilam por religião.
Que Deus é esse que não quer o meu livre arbítrio?
É muito triste ver que no Oriente Médio.
Sou tratada pior que um falange carnal.
Me trocam por um dote sem saber a minha opinião. Me cospem e me batem.
Se tento fazer a minha revolução.
Sempre que me agridem e dizem ser por amor.

Fran

quinta-feira, 22 de abril de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010


Eu sei que não tenho capacidade para amar ninguem.

Chego a duvidar se eu gosto de mim mesma.

Pensando bem nem de mim mesma eu gosto.

Não sou livre como tenho vontade de ser.

Ainda me prendo aos padrões da sociedade:estudar para ter futuro,trabalhar até morrer.

Me prendo em uma vida que eu não desejaria nem pro meu pior inimigo.

Consegui me livrar de algumas correntes mas não de todas.

Queria correr e ser livre realmente.

Mas só consigo correr perdida em minha mente,

presa nessas grades que não consigo me livrar.






Cansada de viver em uma sociedade vendida.
Pensam que temos que ser assim tambem.
Se não somos perfeitas somos julgadas,amaldiçoadas.
Não preciso de uma bolsa prada e nem de um perfume chanel.
Não preciso de ideias ultrapassadas de amores eternos,de felicidade constante.
Não preciso de amor.
Só preciso do ódio das pessoas.

por Mila.

sábado, 17 de abril de 2010

Final Feliz é o que queremos.

Você liga a TV e assiste sempre a mesma coisa, mulheres sendo mortas, agredidas, estupradas, silenciadas por um vulgo amor ditado pelo homem cruel. Na maioria das reportagens as frases se repetem, "ele não aceitou a separação", deformou, destruiu uma vida por amor. Amor? Ora, que amor é esse que destrói a vida das pessoas?
Isso são as raízes do machismo ainda penetrando forte na carne de muitas mulheres, que por medo, que por serem coagidas, se calam e apanham.
Nós enfrentamos a cada dia uma batalha de sobrevivência, e o estado não se preocupa em proteger mulheres que são agredidas. O índice de morte por tal motivo cresce a cada dia.
Como se proteger então? Se as leis até hoje criadas parecem falhas, e mesmo que a mulher encoraje-se a lutar pela sua vida, corre o risco de perdê-la neste meio tempo.
Existem também aqueles homens que ferem verbalmente, que humilham, que deterioram a auto-estima de sua parceira acreditando que assim ela estará sempre submissa a ele. E muitas vezes ela o faz e perde o controle de seu próprio corpo, de sua alma já machucada, cansada.
É por essas e outras que devemos buscar, devemos lutar, para que sejamos totalmente livres, temos que acabar com essa violência, temos que gritar pelas que já não podem, temos que enfrentar essa poluição machista que tem predominado.
Acima de leis falhas, acima de proteção não dada. Nos unir e promover, se preciso, uma guerra pela liberdade feminina. Uma guerra sem violência, sem armas, que destrua a visão do mundo de que amor é a dominação do homem sobre a mulher.
E que o estado tão deteriorado quanto a alma dessas mulheres proponha-se a fazer algo, a agir em parceria com todas nós. E mudar realmente a rotina dolorida de tantas familias, de tantas crianças que presenciam a morte de suas mães e a violência de seus pais, fazendo dessa maneira com que suas vidas já comecem pelo fim.
O fim que queremos e buscaremos para essas histórias de terror, é um final feliz.




por Báh.
http://1-98-9.blogspot.com/

terça-feira, 13 de abril de 2010

"Uma mulher tem que ter qualquer coisa além de beleza"


Ao se olhar nos olhos uma mulher se enxerga por completo, além dos seios, além do corpo, além da capa. Falo de uma mulher de verdade, não desses estereótipos de bunda que nem seus olhos enxergam, e se dizem mulher apenas pelo gosto de contaminar as outras, as que pensam, as que gritam, as que lutam, as que não riem de piadinhas machistas, as que não tem medo de não estar na moda, as que mergulham nuas desejando seu próprio corpo.
É piedoso ver corpos mortos andando pelas ruas, sem alma , sem odor . Esmagam-se, torturam-se.
Eu luto, não com bandeiras, luto com as minhas palavras, com as minhas ideologias, com os meus pensamentos, com os meus atos, com o meu corpo inteiro, que por orgulho é meu. E se em um dia feliz tudo estiver como eu quero continuarei lutando, apenas pelo prazer de ser mulher.
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por May / São José dos Campos - SP