Após um dia cansativo de desaforos engolidos,
de buzina nos ouvidos, ele chega em casa.
Destampa as panelas, tira os sapatos, senta-se a mesa.
Critica a comida, o tempero, a temperatura..
Pede a mulher que se apresse.
Ela calada, o serve.
De barriga cheia, tira à meia,faz cara feia.
Deita na cama, reprova o lençol.
Pega uma revista, atento se excita.
Critica o corpo dela, o cheiro, sem beijo.
Pede a mulher que se apresse.
Ela calada, o serve.
Olhando-se no espelho, beleza perdida,.
Se sente arrependida. E se cansa.
Do tamanho da pança, da intolerância.
Amassa as panelas, doa toda a comida.
Queima os lençóis e revistas.
Vendo a fumaça, ele se apressa.
Ela já longe, calada sorri.
(Grazi)